domingo, 8 de novembro de 2015

O que falar sobre DSTs – de um jeito não chato

“Uma palestra sobre DSTs? Ah, não, assunto chato!”. Você já deve ter ouvido algum jovem aluno comentar algo assim. Falar sobre doenças sexualmente Transmissíveis (DSTs) às vezes parece ser cansativo para os jovens. Mas não precisa ser assim: o assunto é sério, mas descobri que existem jeitos leves para abordá-lo.
Conto um exemplo real: numa escola do interior de São Paulo, vejam só a pergunta que uma garota me fez:
Ouvi dizer que fazer sexo oral enquanto se chupa Halls preto é muito bom porque dá sensação de refrescância. Por outro lado, também ouvi dizer que não se pode colocar nada doce nos genitais porque pode provocar candidíase. Isso é verdade?
Tomei um susto e, para descontrair, perguntei, com um sorriso no rosto:
- Onde você leu sobre isso?
Prontamente, ela me respondeu:
- Na internet.
Para criar um suspense, só vou dar a resposta no fim do texto… Mas… ahá! Aposto que você ficou curioso! Penso que iniciar o assunto com base nas dúvidas dos próprios alunos – muitas são anedóticas e até engraçadas – ajuda a criar um clima de confiança e interesse. Por exemplo: em vez de anunciar uma “palestra sobre DSTs” que tal divulgar um bate-papo sobre as 10 maiores dúvidas dos adolescentes sobre riscos no sexo? Melhor ainda se você listasse algumas dessas dúvidas no material de divulgação!
Vou listar aqui algumas dicas do que é importante falar para a garotada sobre esse assunto:
• Para começar, é muito importante que os alunos entendam que sexo não causa nenhuma doença. Sexo sem proteção, esse sim, é arriscado. Explico melhor: fazer sexo é tão saudável quanto dormir ou se alimentar. Entretanto, assim como a gente pode ingerir alguma coisa estragada e adoecer, podemos ter um relacionamento sexual com alguém infectado e adquirirmos uma DST. Isto só ocorre porque, afinal, o que é uma relação sexual, se não, entre outras coisas, uma troca de secreções e intenso contato. A gente troca saliva, suor e secreções genitais.
• Explique a cadeia de transmissão das doenças sexualmente transmissíveis para demonstrar que a relação sexual sem preservativos é o jeito mais arriscado de se relacionar. Afinal de contas, é um caminho aberto para se adquirir uma DST. Existe uma dinâmica de domínio público que uso com frequência, antes de falar sobre esse tema. Você pode encontrá-la aqui.
• As DSTs podem ser transmitidas por outras vias além do ato seuxal, como o sangue, secreções, ou ainda serem causadas por um desequilíbrio imunológico. Portanto, mesmo que o jovem não tenha feito sexo antes, existe a possibilidade de ele possuir alguma doença. Por isso, o uso da camisinha é indispensável mesmo no caso de casais virgens.
• Conhecer as DSTs, seus sintomas e suas consequências para o organismo, é fundamental para tomar consciência da importância da prevenção. Já foram identificadas pelo menos 27 DSTs. Apresente as ,mais frequentes para os alunos com o auxílio deste plano de aula.
• As DSTs podem se instalar tanto nos genitais, que é o mais comum, como também na região da boca e do ânus. Tudo vai depender da prática sexual utilizada e do tipo de vírus, bactéria ou fungo transmitido.
Dicas para diminuir a vulnerabilidade em relação às DSTs
• Higiene é fundamental para a prevenção.
• Buscar informações sobre o assunto. Muitas vezes, a pessoa infectada deixa de se tratar por não saber reconhecer os sinais e sintomas da doença.
• Diante de qualquer suspeita, as garotas devem procurar um ginecologista e os garotos, um urologista. As principais causas da disseminação dessas doenças são a dificuldade dos casais de conversar a respeito e a vergonha/medo de procurar um médico.
• Um alerta: uma pessoa com DST tem uma chance muito maior de contrair o HIV se tiver relação sexual com alguém soropositivo.
E, por fim, a dica mais importante de todas: usar preservativo – masculino ou feminino – em todas as relações sexuais. Esta é a forma mais segura de evitar uma DST. Faça uma sondagem sobre a prática da turma no manuseio do preservativo e oriente-os a utilizá-lo corretamente.
A resposta
Antes de me despedir, aí vai a resposta à dúvida da garota, mencionada no início do post:
É verdade que Halls ou outro produto adocicado qualquer – como a camisinha com sabor – não deve ser colocado dentro da vagina. Isso porque é o fungo Candida albicans faz parte da flora vaginal. Se esse microrganismo entra contato com algum produto que contenha açúcar, como o Halls, pode ocorrer um desequilíbrio na flora vaginal e provocar a candidíase.

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